O que são escolas de pensamento?
A expressão escola de pensamento refere-se a um grupo de psicólogos que se associam ideologicamente e, algumas vezes, geograficamente com o líder do movimento. Geralmente, os membros de uma escola de pensamento compartilham da mesma orientação sistemática e teórica e investigam problemas semelhantes. O surgimento de várias escolas de pensamento, seu posterior declínio e a consequente substituição por outras são características marcantes da psicologia moderna (Schultz e Schultz, 2016, p. 18).
Assim, não julgamos necessário nos atermos as escolas de pensamento que não estão em voga, dentre elas o Estruturalismo e o Funcionalismo, cujas ideias ecoam nas abordagens psicológicas existentes.
A seguir, apresentamos as três grandes forças impulsionadoras da psicologia. São elas:
1. Behaviorismo: o grande nome desta escola foi John B. Watson (1878-1958). O objeto de estudo é o comportamento observável passível de descrição.
2. Psicologia da Gestalt: Um dos principais representantes desta escola foi Max Wertheimer (1880-1943). O objeto de estudo é a percepção. (Não confundir Psicologia da Gestalt com Gestalt-terapia!)
3. Psicanálise: escola de pensamento que surgiu com as ideias do médico neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Sua teoria acerca do funcionamento psíquico repousa na crença do inconsciente. A psicanálise é uma teoria da personalidade e um sistema de psicoterapia.
Vale ressaltar que há inúmeras outras escolas de pensamento e que as três correntes psicológicas supracitadas se subdividiram dando origem a várias outras.
Também é comum as pessoas confundirem a psicologia com a psicanálise e a psiquiatria. Afinal, o que as diferencia?
1. Psicologia: conforme apresentado nas postagens #1 O que é Psicologia? e #2 Afinal, o que faz um psicólogo?, a graduação em psicologia é de 5 anos e o estudante tem contato com diversas abordagens psicológicas. Após formado, deve se inscrever no Conselho Regional de Psicologia (CRP) para que possa atuar na profissão. Vale ressaltar que psicólogo não prescreve medicação nem faz uso de práticas não reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).
2. Psicanálise: a formação em psicanálise é de 5 a 10 anos, havendo instituições que formam em menos tempo. Na formação o estudante tem contato com a teoria, passa pelo processo de análise e atende sob supervisão (o tripé analítico). Depois, pode se inscrever num dos inúmeros sindicatos de psicanálise existentes no país para poder atuar. Por não ser considerada uma ciência, a psicanálise não existe como curso de graduação nas faculdades e universidades. Alguns institutos que formam psicanalistas não exigem formação prévia do estudante em alguma área do conhecimento, como medicina ou psicologia.
3. Psiquiatria: especialização (ou residência) médica de 3 anos – geralmente com base nas teorias psicodinâmicas da personalidade – que visa diagnosticar e tratar os transtornos mentais com a farmacologia, a psicoterapia ou a associação de ambas. O médico psiquiatra é o único profissional que pode prescrever medicação e isso se deve a sua formação médica. É comum a psiquiatria e a psicologia ou psicanálise atuarem conjuntamente.
Embora a formação seja diferenciada, o objetivo de todas elas é o cuidado da saúde mental dos indivíduos. Não apenas diagnosticando e tratando – farmacologicamente, por meio de psicoterapia ou ambas –, mas prevenindo e promovendo a saúde mental – individual ou coletivamente – nos diferentes espaços nos quais estes profissionais estão inseridos.
Uma crítica à psiquiatria moderna é expressa por Freitas (2004, p. 89):
É verdade que o discurso hegemônico da psiquiatria contemporânea parece estar alicerçado sobre princípios que negam a especificidade da 'realidade psíquica' no homem, princípios estes de natureza filosófica identificados historicamente como positivistas, pois buscam no biológico, no orgânico, no físico, em suma, na 'biopoese', as justificativas racionais para a aliança quase que onipresente entre a psiquiatria e a poderosíssima indústria farmacêutica.
Logo, não é incomum encontrar profissionais cuja lógica excludente limitam o tratamento prestado aos seus pacientes. Profissionais que supervalorizam o tratamento farmacológico e subestimam o tratamento psicológico é apenas um exemplo. Sendo assim, um profissional competente avaliará o caso e determinará o melhor tratamento. A farmacologia pode ser a melhor aliada no momento, assim como a psicoterapia ou a associação de ambas. Como cada caso é um caso, impossível determinar isso sem uma bem feita avaliação prévia.
Na próxima postagem, nos aprofundaremos na Psicanálise.
Referências
FREITAS, Fernando Ferreira Pinto de. A história da psiquiatria não contada por Foucault. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 75-91, Apr. 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702004000100005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 19 maio 2017.
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da psicologia moderna. 3ª reimpr. da 3ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
Imagem: elaborada pelo autor.
Excelentes considerações sobre o tema. Muitos confundem as áreas e a delimitação de sua atuação (os três Psis).
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